terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Insucesso escolar aumenta à medida que se sobe de ano

As médias dos exames nacionais dos alunos de todo o país distanciaram ainda mais as escolas públicas dos estabelecimentos de ensino privados. As primeiras desceram alguns lugares nos rankings agora divulgados, as segundas continuam a ocupar as primeiras posições nos diferentes níveis de ensino. No geral, os resultados dos exames melhoraram, mas a disparidade entre as médias nacionais e as notas internas prevalece, chegando a cair 4 valores, em 20, nas provas do Ensino Secundário. Nas contas feitas pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC), em 791 escolas públicas, apenas 141, o correspondente a 18%, demonstraram coerência entre as médias dos exames e a classificação interna de frequência - é na Matemática que a divergência é maior. No critério de evidência de melhoria dos resultados médios em três anos consecutivos, definido pelo MEC, apenas quatro agrupamentos cumpriram os requisitos: os agrupamentos de escolas de Alcochete, em Setúbal; Alcaides de Faria, em Barcelos, distrito de Braga; Campo Aberto, na Póvoa de Varzim, distrito do Porto; e Francisco Simões, em Almada, distrito de Setúbal.

As dificuldades financeiras contam agora para os cálculos que são feitos nos rankings das escolas. Quatro em cada dez alunos das escolas públicas têm dificuldades financeiras e recebem apoios sociais. Coimbra é o distrito com menos estudantes carenciados, seguido dos distritos de Setúbal e de Santarém. Vila Real, Braga e Bragança são os distritos com a maior percentagem de alunos sinalizados: em Vila Real, quase metade dos estudantes tinham apoio social (48%), seguindo-se Braga (44%) e Bragança (43%). Num universo de 1 122 242 alunos, quase 428 mil recebiam Apoio Social Escolar (ASE), segundo a análise feita pela Agência Lusa sobre a situação socioeconómica dos alunos que no ano letivo de 2012/2013 estavam a frequentar o ensino obrigatório, desde o 1.º ao 12.º anos de escolaridade. Neste campo, o MEC disponibiliza apenas os dados relativos às escolas públicas e, comparando com o ano anterior, a percentagem de alunos apoiados mantém-se praticamente inalterada: 39% dos alunos viviam em famílias com dificuldades financeiras e, por isso, eram apoiados, estando integrados no escalão A (para situações de maior carência) ou no escalão B.

Os números demonstram que o insucesso vai aumentando à medida que se progride no nível de escolaridade. A taxa de insucesso no 4.º ano foi inferior a 5%, em 94 430 matrículas, no 6.º ano foi superior a 15%, em 102 265 alunos inscritos, no 9.º ano atinge os 20%, em 89 259 alunos matriculados, e, do 9.º ano para o 12.º ano duplica, chegando quase aos 40%, em 51 602 matrículas. A taxa de conclusão por distritos é relativamente homogénea no 4.º ano. Já no 6.º ano, a mesma taxa chega a atingir uma diferença superior a 10 pontos percentuais, com apenas, por exemplo, 79,46% dos alunos matriculados em Lisboa a concluírem o 6.º ano e 91,03% a terminarem esse ano com sucesso em Viana do Castelo. No 9.º ano, volta a ser Lisboa que apresenta a taxa de conclusão mais baixa, com um valor de 76,98%, e Viana do Castelo o distrito em que os alunos demonstram mais facilidade em concluir este nível de ensino, com uma taxa de 89,16%. No 12.º ano, a taxa de sucesso desce consideravelmente, com a mais baixa a ser registada pelo distrito de Lisboa, com um valor de 54,25%, e a mais alta pelo distrito de Viana do Castelo, com um registo de 69,87%. Viana do Castelo é o distrito que apresenta sempre a taxa de conclusão mais elevada em todos os níveis de Ensino Básico e Secundário.

Joaquim Azevedo, ex-secretário de Estado da Educação, professor da Universidade Católica, participou na elaboração do ranking do jornal Público e faz observações pertinentes no suplemento publicado no diário no último sábado. Na sua opinião, um ensino de qualidade pressupõe “implicação e motivação” dos professores, diretores e alunos. “Para combater o insucesso escolar e o fracasso das escolas não há milagres, só há trabalho, muito, persistente, e bom trabalho. Não chega uma política de promoção de uns 'programas especiais' e deixar ficar tudo na mesma. Há mudanças que têm de ser estruturais. Políticas, portanto”, sustenta. Na sua opinião, não basta ter algumas ideias feitas sobre o que é uma escola e as políticas educativas. “(...) os professores portugueses precisam de elevar a sua capacidade de conceberem, realizarem e avaliarem o seu trabalho educativo escolar, enunciando um discurso profissional mais seguro, claro e assertivo”, escreve no Público.

“(...) é importante que as nossas escolas aprendam a dispor de e a organizar tempos de ensino/aprendizagem diferenciados. Muitos alunos que se encontram rotulados de 'meninos do insucesso' vieram a recuperar as aprendizagens quando lhes foi criada uma outra oportunidade para aprenderem com mais calma, mais paciência, mais cuidado pedagógico, mais atenção e proximidade, mais e melhor tempo”, repara.

Os rankings voltam a ter várias leituras. A Associação de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), que representa os colégios privados, vê nas listas “um instrumento ainda muito imperfeito, mas importantíssimo” para que as escolas “prestem contas perante a sociedade”. “A informação que é disponibilizada agora ainda não é muito rigorosa, e devia ser dada por aluno e não por agrupamento, como acontece atualmente. Passados 14 anos era tempo de já termos informação mais rigorosa”, refere, em declarações à Lusa, o diretor executivo da AEEP, Rodrigo Queiroz e Melo, que adianta que a partir do próximo ano as escolas privadas disponibilizarão o mesmo tipo de dados socioeconómicos sobre os alunos que as escolas públicas.

A leitura diverge do lado das escolas públicas que avisam que há fatores importantes que não são considerados nos rankings, como o percurso escolar do aluno, a motivação das famílias e dos jovens e o efeito das explicações nos resultados dos exames. “É um instrumento de avaliação que deve ser relativizado, é importante, mas também não é por ele que poderemos ver as melhores escolas ou as piores, até porque há fatores que não tem em conta”, sublinha, à Lusa, Filinto Lima, vice-presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP). “Há muitas escolas que ficam em primeiro lugar e que não são as escolas que contribuem para isso, são as explicações que eles têm fora da escola, os pais que podem pagar, e depois tiram resultados nos exames brilhantes”, adianta.

Para a Federação Nacional dos Professores (FENPROF), os rankings comparam o que não pode ser comparado. “Não é legítimo colocar em pé de igualdade, em termos de resultados esperados, todas as escolas do país (públicas e privadas, do litoral e do interior)”, sublinha em comunicado. A FENPROF lembra, a propósito, que há realidades educativas distintas. “Os rankings são apresentados como pretendendo tornar pública informação credível sobre o funcionamento das escolas, mas confundem a opinião pública e as famílias com informação redutora, parcelar e distorcida”, acusa.

Secundário: 40% dos alunos não terminaram 12.º ano

A média dos exames nacionais do Ensino Secundário fixaram-se nos 11,64 valores no ensino particular e cooperativo e em 10,34 valores nas escolas da rede pública – segundo o ranking da Agência Lusa. Em ambos os casos, os resultados representam, comparativamente com o ano letivo anterior, uma melhoria de cerca de um valor nas médias dos exames que em 2012-2013 foram de 9,43 valores para as escolas públicas e de 10,71 valores para as privadas. Foram 14 os distritos que conseguiram ficar acima dos 10 valores. Lisboa, distrito onde se realizaram mais exames (42 251), lidera a lista com uma média de 10,94 valores nas provas realizadas, seguido de Coimbra (8819 provas) com uma média de 10,84 valores e de Leiria (9244 provas) com uma média de 10,74 valores. O Porto, o segundo maior distrito em termos de exames nacionais realizados (37 047), tem uma média de 10,66, ficando em 5.º lugar na lista distrital.

Quase 40% dos alunos matriculados no 12.º ano em 2012-2103 não concluíram o ano, o que revela que o Secundário é o nível de ensino com a mais elevada taxa de insucesso. Em quase 70 escolas, mais de metade dos alunos chumbaram no 12.º ano. Dos 51 602 alunos matriculados no 12.º ano de escolaridade, em Portugal continental, no ano letivo de 2012-2013, 61,57% terminaram o ano, o que se traduz numa taxa de insucesso escolar de quase 40%. E os cálculos feitos pela TSF revelam que, este ano, todas as escolas do país tiveram uma média maior nas notas internas do que nos resultados dos testes nacionais do Secundário. Uma diferença que leva o Conselho Nacional de Educação (CNE) a pedir que a tutela tome medidas.

Num universo de 496 escolas com mais de 100 provas realizadas, 301 conseguiram uma nota média nos exames nacionais acima dos 10 valores, o limiar da classificação positiva atingido ou ultrapassado por quase dois terços das escolas. Mas se tivermos em conta o total de escolas onde se realizou exames nacionais, independentemente do número de provas feitas, 367 das 628 conseguiram uma média positiva, ou seja, apenas pouco mais de metade. No ranking das escolas onde se realizaram pelo menos 100 exames, os primeiros 23 lugares são ocupados por escolas particulares e cooperativas, encabeçadas pelo Colégio Nossa Senhora do Rosário, com uma média de 14,45 valores nos exames nacionais realizados no Secundário. João Trigo, diretor do colégio, fala num trabalho continuado numa escola que tem 1559 alunos do pré-escolar ao 12.º ano. “Não há uma receita” diz à Lusa, sublinhando a vertente social, desportiva, artística e espiritual do colégio privado. “Tem muito mais a ver com a formação da pessoa numa perspetiva integral, mais global”, frisa.

A melhor escola pública, a Escola Secundária de Raul Proença, nas Caldas da Rainha, aparece em 24.º lugar, com 636 exames realizados e uma média 12,69 valores. Depois do Colégio Nossa Senhora do Rosário, completam a lista das cinco mais bem classificadas a Escola Salesianos do Estoril, em Cascais (2.º lugar, com uma média de 14,35 valores em 393 exames realizados), o Colégio Moderno, em Lisboa (3.º lugar, com 14,28 valores em 335 exames), o Colégio Valsassina em Lisboa (4.º lugar com 14,26 valores em 185 exames) e o Colégio Manuel Bernardes, em Lisboa (5.º lugar, com 14,19 valores em 181 exames).

(...) Entre as cinco escolas com as médias mais baixas estão quatro públicas: a Escola Secundária de Resende, em Viseu (495.º lugar com uma média de 7,34 valores em 108 exames realizados), a Escola Secundária António Nobre, no Porto (494.º lugar com 7,44 valores em 231 exames), a Escola Básica e Secundária de Lajes do Pico (493.º lugar com 7,61 valores em 114 exames), e a Escola Secundária da Baixa da Banheira, em Setúbal (492.º lugar com 7,71 valores em 107 exames realizados).

O diretor do Agrupamento de Escolas de Resende, Manuel Luís Tuna, destaca o contexto socioeconómico do concelho e as aulas em contentores como fatores que terão contribuído para os maus resultados nos exames do 12.º ano. “Tanto a Português como a Matemática os resultados surpreenderam-nos pela negativa, até porque ao longo do ano tínhamos feito um trabalho com os alunos no sentido de, além das aulas normais, lhes darmos um apoio extra para ajudar nas dificuldades”, adianta, revelando que 82% dos alunos que no ano passado fizeram exames do 11.º e 12.º anos beneficiavam de ação social escolar.

As raparigas continuam a registar notas médias mais altas do que os rapazes, mas apenas por décimas, sendo ultrapassadas em apenas quatro das 17 disciplinas com mais exames realizados pelos alunos do Secundário, segundo dados do MEC. (...)

3.º Ciclo: 90% das escolas chumbaram nas duas disciplinas

Apenas um terço das escolas obteve média positiva nas provas finais de Português e Matemática do 3.º Ciclo em 2014, ainda assim resultado melhor do que no ano anterior na conjugação das duas disciplinas. Os indicadores disponibilizados apontam para 408 escolas com média positiva, num total de 1258. Quase 90% das escolas com provas finais no 9.º ano chumbaram nos exames, uma vez que apenas 158, num universo de 1308, registaram média positiva na conjugação das duas disciplinas. Tal como no ano anterior, a melhor média na conjugação das duas provas foi obtida pelo Colégio Nossa Senhora da Paz, no Porto, desta vez com média de 4,25 (numa escala de 1 a 5 níveis) em 40 exames realizados, o que superou a média de frequência da escola (4,18).

As escolas que se seguem com as melhores médias são todas privadas, com destaque para o Colégio Português, em Aveiro, com média de 4,18 num universo de 28 exames, e para o Colégio D. Diogo de Sousa, em Braga, com média de 4,15 num total de 302 provas. A Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, surge na 25.ª posição, com média de 3,9 nos exames, em 212 provas realizadas. As médias mais baixas (inferiores a 2) registaram-se em escolas de Setúbal, de Lisboa, dos Açores e do estrangeiro. E as raparigas obtiveram melhores resultados do que os rapazes, ao apresentarem médias de 2,97 em exame e de 3,2 no nível de frequência. A média dos rapazes situou-se em 2,9 nos exames e 3 na frequência interna. (...)

Mais de metade das escolas obteve média negativa na prova de Português do 3.º Ciclo. Apenas 515 conseguiram positiva. Apesar da maioria das escolas ter reprovado nesta prova, os resultados melhoraram em relação ao ano anterior, quando 86,6% dos estabelecimentos, num total de 1133, ficou com média negativa. As escolas com melhores médias continuam a ser privadas e com um número mais reduzido de alunos. A escola pública com melhor classificação na prova de Português foi a Escola Secundária Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, em Braga, que realizou 67 exames. Surge em 27.º lugar, com média de 3,72 em exame e de 3,75 interna.

Cerca de 70% das escolas obtiveram média negativa nas provas finais de Matemática do 3.º Ciclo. Os dados disponibilizados pelo MEC revelam uma melhoria de resultados face ao ano anterior, em que 86,24% das escolas, num total de 1128, registaram médias negativas a esta disciplina no mesmo ciclo de ensino. Agora, num total de 1258 escolas, foram 889 as que registaram média negativa (70,7%). Apenas 369 têm média positiva. O melhor resultado a Matemática foi obtido pelo Colégio Nossa Senhora da Paz, no Porto, com média de 4,5 em exame (4,2 de frequência interna), num total de 20 provas realizadas. O segundo lugar pertence ao Colégio Planalto, em Lisboa, com média de 4,4 em exame (3,8 interna) e um total de 26 provas. O Grande Colégio Universal, no Porto, surge em terceiro lugar com média de 4,4 em exame num total de 46 exames e 4 de classificação interna final. Os 19 lugares cimeiros da tabela são ocupados por escolas privadas e o 20.º lugar pertence à Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, que realizou 106 exames, nos quais obteve uma média de 4,1.

2.º Ciclo: sete em cada dez escolas com médias negativas

Sete em cada dez escolas tiveram negativa na média das provas nacionais realizadas pelos alunos do 6.º ano, no entanto, as médias subiram em relação ao ano anterior. Num universo de 1166 escolas, apenas 343 conseguiram ter média positiva. Em 70%, a média das notas de Português e de Matemática foi negativa. O Externato O Mundo da Criança, em Torres Vedras, Lisboa, conseguiu o melhor resultado médio (4,64 numa escala de um a cinco), seguindo-se o Colégio Euro-Atlântico, em Matosinhos (4,2), e o Colégio das Terras de Santa Maria, em Santa Maria da Feira (média de 4,14 em 114 provas realizadas). Com uma diferença inferior a cinco décimas, a primeira escola pública surge em 46.º lugar num ranking com mais de mil estabelecimentos de ensino: a Escola Artística do Conservatório de Música Calouste Gulbenkian, em Braga, conseguiu uma média de 3,74 nas 100 provas realizadas. Nos últimos lugares da tabela voltam a surgir a Escola Básica do Alto do Lumiar, a Escola Básica da Apelação, em Loures, e a Escola Básica dos 1.º, 2.º e 3.º Ciclos com Jardim de Infância da Vila de Rabo de Peixe, nos Açores.

Apesar da grande maioria das escolas ter média negativa nas provas nacionais, foram menos de 10% as que chumbaram: 1062 escolas conseguiram uma média positiva contra 104 estabelecimentos que tiveram negativa. Em termos percentuais, e comparando com os resultados obtidos no ano anterior, as médias subiram, já que no ano letivo de 2012-2013 apenas 21% das escolas teve positiva e este ano estão muito próximas dos 30%.

Quatro em cada cinco escolas tiveram média negativa nas provas nacionais de Matemática do 6.º ano, o que revela uma descida das notas em relação ao ano anterior. Num universo de 1166 escolas, 929 tiveram média negativa na prova. Os restantes 237 estabelecimentos de ensino (20,3%) conseguiram ter uma nota igual ou superior a três valores. As notas médias pioraram em relação ao ano anterior, quando 23,2% dos estabelecimentos tiveram média positiva na prova que passou a ter um peso de 30% na nota final dos estudantes. O Externato O Mundo da Criança, em Torres Vedras, distrito de Lisboa, surge em primeiro lugar no ranking elaborado pela Lusa, graças à média de 4,71 (numa escala de 1 a 5) das sete provas realizadas. O Colégio Euro-Atlântico, em Matosinhos (média de 4,4), e a Escola São Francisco Xavier, em Lisboa, (4,27) surgem em 2.º e 3.º lugar respetivamente. Nestas três escolas, os alunos conseguiram melhores resultados médios na prova nacional do que na nota interna.

Nos primeiros 30 lugares ficam colocadas apenas escolas privadas, surgindo em 31.º a primeira pública: a Escola Básica Campo Aberto, na Póvoa de Varzim, que conseguiu uma média de 3,86 valores das 111 provas realizadas. No final da tabela das 1166 escolas surgem a Escola Básica do Alto do Lumiar, em Lisboa (média de 1,45), a Escola Básica de Apelação, em Loures (1,46 valores), e a Escola Secundária Fonseca Benevides, em Lisboa (1,5 valores). Olhando para a nota interna dos alunos, um em cada cinco teve média negativa (220 estabelecimentos de ensino) contra 946 escolas que conseguiram ter média positiva na disciplina de Matemática.

As médias dos exames do 6.º ano subiram em relação ao ano passado, mas apenas o distrito de Coimbra conseguiu ter positiva. Na análise feita pela Lusa, apenas o distrito de Coimbra escapou à média negativa registada nos restantes 17 distritos, ilhas da Madeira e Açores e escolas estrangeiras. A média das 7220 provas realizadas no distrito de Coimbra foi de 3,01 (numa escala de 1 a 5), seguindo-se o distrito de Aveiro (média de 2,99) e Braga (média de 2,97). Os alunos dos distritos de Lisboa, Porto e Braga fizeram quase metade das cerca de 208 mil provas realizadas, surgindo, respetivamente, em 11.º, 7.º e 3.º lugar. No final da lista surgem a Região Autónoma dos Açores, onde a média das 5032 provas foi de 2,58, e Portalegre, com uma média de 2,65 em 2075 exames. Este ano, há oito distritos que continuam na negativa, mas com notas ligeiramente melhores do que no ano passado: Aveiro, Braga, Viana do Castelo, Viseu, Leiria, Porto, Guarda e Vila Real tiveram acima dos 2,89 valores.

As provas finais do 6.º ano têm um peso de 30% na nota final. Ao todo, 62% das escolas tiveram média positiva nas provas Português. Num universo de 1166 escolas, 731 conseguiram ter média positiva a Português. Este ano, os sete alunos do 6.º ano do Externato O Mundo da Criança colocaram este estabelecimento privado em primeiro lugar, ao conseguir uma média de 4,57 na prova de Português. O Colégio Internacional de Cabo Verde, em Cabo Verde, surge em segundo lugar (4,25) e o Colégio das Terras de Santa Maria, distrito de Aveiro, em terceiro (4,24). É em Espinho que está a escola pública mais bem classificada, em 16.º lugar, graças ao único aluno da Escola Básica n.º 3 de Anta. No final da tabela surgem a Escola Lusófona de Nampula (média de 2,09), em Moçambique, a Escola Básica dos 1.º, 2.º e 3.º Ciclos com Jardim de Infância de Vila de Rabo de Peixe, em Ribeira Grande, nos Açores (2,10) e a Escola Básica Margarida Fierro Caeiro da Matta, em Tábua, no distrito de Coimbra (2,17).

1.º Ciclo: médias subiram em relação ao ano anterior

As médias das provas nacionais do 4.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico subiram em relação ao ano passado, com os alunos das escolas de Viana do Castelo, Braga e Coimbra a colocarem estes distritos no topo da tabela. Há seis distritos onde a média das notas dos finalistas do 1.º Ciclo é negativa, mas os resultados estão melhores quando comparados com o ano anterior: em 2013, quando os alunos do 4.º ano realizaram pela primeira vez as provas nacionais, nenhum dos 18 distritos conseguiu chegar à positiva. Este ano, a Região Autónoma dos Açores registou os piores resultados médios, com uma média de 2,61 nas 5552 provas realizadas. Depois das ilhas, surgem outros seis distritos negativos no continente: Beja (média de 2,81), Faro (2,92), Portalegre (2,93), Bragança (2,94), Castelo Branco (2,96) e Setúbal (2,97).

Com cerca de 28 mil provas realizadas, os três distritos com a melhor média foram Viana do Castelo (3,2 valores), Braga e Coimbra (ambos com 3,19). Também com média positiva no somatório das provas surgem, por ordem decrescente, os distritos de Viseu, Aveiro, Leiria, Porto, a Região Autónoma da Madeira, Vila Real, Guarda, Lisboa, Santarém e Évora. Em apenas cinco distritos foram realizadas mais de dez mil provas, sendo cerca de 40% feitas em escolas de Lisboa (cerca de 45 mil provas) e do Porto (36 mil), distritos que conseguiram médias positivas - 3,03 e 3,10 respetivamente. Os outros três distritos com mais de 10 mil provas realizadas foram Braga (16 958 exames), Setúbal (16 545) e Aveiro (12 994), tendo sido negativa a média dos exames em Setúbal.

Em 2222 escolas, a média das notas dos alunos foi positiva, enquanto nas restantes 1757 a média não atingiu o nível 3. A média das provas realizadas pelos alunos do 4.º ano do Externato Menino Jesus, em Coimbra, foi a melhor a nível nacional, com 4,62 em 16 provas realizadas. Segue-se o Externato das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, no Porto, onde se realizaram 74 provas e a média foi de 4,13. Também no distrito do Porto, o Jardim Infantil na Quintinha do Cândido, em Paredes, ficou em terceiro lugar da lista, com uma média de 4,35 nas 14 provas. Nas dez escolas com melhores resultados surgem duas públicas, com o mesmo número de exames e a mesma média: a de São Bartolomeu da Serra, em Santiago do Cacém, e a Básica de Arentim, em Braga, ambas com uma média de 4,21. No ranking do jornal Público, por exemplo, nas escolas com mais de 50 provas surge precisamente o Externato das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, no Porto, seguido do Externato Infantil Paraíso dos Pequeninos, em Santa Maria da Feira. A primeira pública, a EB1 n.º 1 de Santa Maria da Feira, aparece em 16.º lugar.

As raparigas do 4.º ano conseguiram melhores notas internas, mas nas provas nacionais os rapazes superam as meninas. No final do ano letivo passado, as raparigas conseguiram ter melhores notas pelo trabalho realizado ao longo do ano e avaliado pelos seus professores. As raparigas tiveram, em média, 3,74 contra os 3,65 de média dos rapazes. Já nos exames nacionais, eles conseguiram melhores resultados: a média das raparigas foi de 3,05 e a dos rapazes 3,06 valores. Quando se separam as duas provas, a média das raparigas a Matemática foi negativa (2,83 enquanto os rapazes tiveram 3), mas a Português conseguiram melhores resultados do que eles - uma média de 3,28 para elas e de 3,13 para eles.
 
Fonte: Educare por indicaçãod e Livresco

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