sábado, 21 de março de 2015

Vinte e quatro escolas premiadas por terem boas práticas de integração

A voz do rapper Boss AC ecoou na sala do Centro Ismaili de Lisboa trazida pelo Agrupamento de Escolas de Santo António, Barreiro - “Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta/É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta”.

A música Alguém me Ouviu foi assim a escolhida para acompanhar o vídeo onde aquele agrupamento mostra alguma algumas das atividades que o levaram nesta sexta-feira a ser um dos 24 premiados com o chamado selo de escola intercultural, outorgado pela Direção-Geral da Educação e pelo Alto Comissariado para as Migrações (ACM), com o apoio da Fundação Aga Khan, para distinguir boas práticas de integração e promoção da diversidade.

Esta foi a terceira edição da iniciativa, a que concorreram 36 escolas e agrupamentos. Para Luís Souta, da Escola Superior de Educação de Setúbal, um dos oradores na sessão de entrega dos prémios, este número é revelador de como “a educação multicultural continua a ser uma prática pouco generalizada”. 

No ano letivo de 2012/2013 estavam matriculados nas escolas básicas e secundárias 46.338 alunos de nacionalidade estrangeira. Nesse ano letivo a taxa de retenção entre os alunos estrangeiros situou-se em 24,9%, 12 pontos percentuais acima da registada entre os estudantes portugueses.

Nos testes PISA de 2012, organizados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico para aferir a literacia dos alunos de 15 anos, constatou-se “uma redução das desvantagens entre alunos estrangeiros e portugueses”, destacou o alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado. Que também lembrou dados apresentados em dezembro no estudo A Imigração em Números e que merecem, frisou, “uma maior reflexão”. Por exemplo o facto de em “algumas nacionalidades as diferenças nas taxas de retenção, por comparação aos alunos portugueses, serem superiores a 30 pontos percentuais”. É o que se passa entre os estudantes indianos e paquistaneses.

Com a atribuição do selo escola intercultural pretende-se, entre outros objetivos, “distinguir e reconhecer publicamente as escolas que implementam estratégias e ações concretas de promoção da igualdade de oportunidades e do sucesso escolar de todos os alunos”. A escola secundária da Amora, no Seixal, foi premiada pela segunda vez. “Não excluímos alunos”, justifica o seu diretor, Simão Cadete, que lembrou o facto de a sua escola estar entre as que mais reduziram o risco de abandono.

No ano letivo passado, segundo dados do Ministério da Educação e Ciência, foi a que registou a segunda maior descida, passando de uma taxa de abandono escolar de 10,9% para 1%. “A falar criamos pontes” é um dos lemas desta escola da margem Sul do Tejo. Onde se localizam também os agrupamentos do Barreiro e do Monte da Caparica, também distinguido nesta sexta-feira. Estes dois têm em comum ainda o facto de estarem integrados nos chamados Territórios Educativos de Intervenção Prioritária, localizados em zonas com graves carências socioeconómicas, onde o risco de abando escolar é maior. 

Entre as escolas distinguidas nesta sexta-feira figuram também a Academia Musical de Lagos, os agrupamentos do Carregado, José Leite Vasconcelos, Tarouca, D. Afonso III, Faro, Dr. Francisco Sanches, Braga, também integrado nos TEIP, Viseu, as escolas Secundária António Sérgio, Vila Nova de Gaia, e Frei Rosa Viterbo, Satão, a Escola Profissional de Aveiro, o Real Colégio de Portugal, Lisboa, o Externato Jardim Infantil Torrinha, Lagos, e o Jardim Escola João de Deus, Leiria, entre outras.

Fonte: Público

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