quarta-feira, 17 de junho de 2015

Artista autista desenha cidades inteiras de memória

Chamam-lhe a máquina fotográfica humana: Stephen Wiltshire só precisa da sua caneta para reproduzir as capitais do mundo

Deem-lhe uma caneta e ele revela as cidades. Stephen Wiltshire, de 41 anos, é um artista invulgar. Sofre de autismo e foi aos cinco anos que repararam no seu talento para desenhar. Stephen consegue reproduzir os panoramas das cidades de memória, e já representou Nova Iorque, Tóquio, Roma, Paris e Londres, entre outras. 

Chamam-lhe a máquina fotográfica humana, pelos pormenores que consegue captar. "As cidades são tão bonitas. As silhuetas… os edifícios muito altos", afirmou (...). O artista sofre de grandes problemas de comunicação e só aos nove anos é que disse as primeiras palavras. 

Para o fazer falar, os professores tiraram-lhe o material de desenho na escola. Por querê-los tanto, Stephen viu-se obrigado a pedi-lo. Caneta e papel foram as suas primeiras palavras. 

"Ele era o aluno caladinho no canto da sala – não dizia nem interagia com ninguém. Só punha a cabeça para baixo e escrevinhava no papel", contou (...) a sua irmã Annette, que o acompanha nas viagens ao estrangeiro.

Aos oito anos, fez o seu primeiro trabalho: uma reprodução da catedral de Salisbury para o primeiro-ministro britânico Edward Heath. Mais tarde, estudou Belas Artes na Faculdade de Artes de City & Guilds. Neste momento, pintou o seu auto-retrato. 

Em 2008 desenhou a capital espanhola, Madrid. Qual é o seu método? Sobrevoa as cidades de helicóptero e faz um rascunho rápido. Quando volta para o hotel, memoriza esse desenho durante a noite. Depois, passa-o para as telas, como a que criou em Singapura. 

"Uma multidão de 150 mil pessoas veio dar-lhe as boas-vindas a Singapura. Quando o viram a desenhar, algumas estavam a aplaudir e outras a chorar", contou a irmã de Stephen, Annette. "Nunca vou esquecer um homem que esteve lá todos os dias. Não importava quão grande era a multidão, conseguia sempre chegar-se à frente para se aproximar do Stephen. Nunca vou esquecer a sua cara", acrescenta. 

A obra que lhe ocupou mais tempo tinha dez metros e retratava Tóquio. Demorou oito dias a fazê-la, em 2005. Só usou caneta. Em 2006, foi ordenado membro da Ordem do Império Britânico pela rainha Isabel II. Para além das cidades, Wiltshire gosta de pintar carros vintage. Tem vários.

Hoje em dia, tem uma galeria em Mayfair, na cidade de Londres (...), e pretende abrir outra, em Nova Iorque, para vender os seus trabalhos. Segundo o seu site oficial, o seu lema é "faz o melhor que puderes e nunca pares".

Fonte: Sábado por indicação de Livresco

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