terça-feira, 9 de junho de 2015

Novos dados reforçam dúvidas sobre eficácia dos exames nacionais

Apenas 2% dos alunos do ensino básico chumbaram no ano passado por causa dos exames nacionais. A esmagadora maioria das reprovações decorre das más notas obtidas ao longo do ano. Os dados são revelados (...) pelo presidente do Conselho Nacional de Educação, a uma semana do início das provas. 

“Os dados que estamos a trabalhar, neste momento, no Conselho Nacional de Educação permitem dizer que, quer nos exames de 4º ano quer nos do 6º e 9º, a percentagem de alunos que chumba por ter mau desempenho nos exames não ultrapassa 2%”, avança David Justino. 

“Em vez de estarmos a ir contra os exames, é irmos contra as avaliações que são feitas durante o ano. Têm a mania de ser muito exigentes e, depois, acabam por ser altamente seletivas. Eu estou preocupado porque, muitas vezes, é tanto teste durante o ano, que os miúdos não aprendem. Tem de haver aqui um equilíbrio”, critica. 

Todos os anos chumbam 150 mil alunos do básico e do secundário. Preocupado com os números, o presidente do Conselho Nacional de Educação lançou, este ano, um desafio aos partidos, para que, em ano de eleições, discutam maneiras de reduzir os chumbos, que não promovem a aprendizagem e saem caros ao país. 

Estes exames valem a pena? 

A questão é colocada pela presidente da Associação Nacional de Professores, Paula Carqueja, para quem os exames nacionais constituem fator de perturbação na avaliação dos alunos ao longo do ano lectivo. 

“Neste momento, o que se questiona é se vale a pena realmente existir esta prova, com este rigor e stress, que é colocado tanto para os alunos como para os docentes e para a escola" (...). 

Até os pais são afetados, adianta Paula Carqueja, que critica ainda a altura do ano em que muitos exames são feitos. “São feitos em maio, ainda há muita matéria para todos os alunos e a partir daí há um desinteresse, porque os exames já foram feitos e torna-se complicado para os docentes para motivar e dar continuidade aos programas”, sustenta. 

Na opinião da presidente da Associação Nacional de Professores, as provas nacionais não deveriam existir e a aposta deveria ser nas avaliações contínuas, “que são de proximidade”. 

Ao contrário de David Justino, Paula Carqueja defende que “as avaliações estão bem adaptadas”. 

Mas o essencial, acrescenta, é que os alunos percebam, logo “no início de cada ano, que as regras estão bem definidas” e que não trabalhem só para o exame.

Fonte: RR

Sem comentários: