quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

"Os jovens têm défice de acesso a bibliotecas ou desporto"

A ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues implementou a escola a tempo inteiro no 1.º ciclo, em 2006

Foi a responsável pela implementação da escola a tempo inteiro no 1.º ciclo. Concorda com o seu alargamento a todo o básico?
Sim, é importante este alargamento, porque para muitos jovens e crianças o espaço da escola é o mais importante da sua socialização. É onde têm acesso a recursos que muitas vezes não têm noutras infraestruturas dos locais onde vivem e nem em casa, como, por exemplo, acesso aos livros da biblioteca. Além disso, existe aqui uma dimensão de apoio à família que é muito importante porque a maior parte das mulheres trabalha e não pode acompanhar os filhos tanto tempo como gostariam. E gostariam de saber que os filhos estão bem entregues.

Que atividades podem os alunos dos 2.º e 3.º ciclos desenvolver?
Podem ser as mais diversas atividades. A maior parte das crianças e jovens do nosso país têm grande défice de acesso a bibliotecas, ao desporto escolar com atividade física. Esta é uma excelente oportunidade para desenvolverem clubes de línguas, de teatro, projetos na área da música, do desporto.

Mas faz sentido que os alunos passem ainda mais tempo na escola?
No nosso país não há outras instituições que desenvolvam atividades como o xadrez, o teatro ou o desporto, e muitas famílias também não têm condições para pagar essas atividades. Logo, era bom que essas coisas pudessem ser feitas na escola.

Seriam os professores a desenvolver estas atividades?
Os professores já têm a sua carga letiva, não precisam de ser eles. Era importante que, numa parte deste tempo, os alunos pudessem fazer os trabalhos de casa e depois noutra parte pudessem desenvolver outras competências, em projetos ou clubes de pintura, música, teatro, atividade física. Há um mundo de coisas que podem ser desenvolvidas e há mão-de-obra qualificada que facilmente poderia ser contratada para integrar estas equipas nas escolas. É uma questão de organização e de recursos financeiros. E se o governo planeia fazê-lo é porque os recursos são acessíveis e podem ser encontradas soluções como uma contribuição das famílias.

Fonte: DN

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