sábado, 12 de agosto de 2017

Sucessos e falhanços do sistema de ensino na Noruega

Ao contrário do que muitos pensam, nem tudo corre bem nos sistemas de ensino nórdicos. Que o diga a Noruega, onde 32% dos alunos não conclui o ensino obrigatório e 54% não acaba os cursos superiores.

No país mais rico do mundo, enormes somas de dinheiro têm sido investidas em projetos inéditos de ensino, numa tentativa de encontrar soluções milagrosas para contornar os problemas, mas a experiência mostra que a espiral negativa só tem sido invertida com disciplina, retorno do poder aos professores e inspiração na vizinha Rússia.

Um dos maiores falhanços foi o do projeto do chamado ensino rotativo em carrossel sem horários e turmas: em vez de os professores rodarem o dia inteiro pelas turmas para ensinar os alunos, eram os alunos que rodavam de livre vontade como num carrossel pelas salas de aula onde cada professor ensinava a mesma disciplina o dia inteiro.

Os alunos geriam eles próprios o tempo que queriam gastar em cada sala e com cada disciplina, e decidiam se hoje aprendiam inglês ou geografia, e amanhã matemática ou física.

Se bem lhes apetecesse, podiam só ir às aulas de química durante a semana inteira, ou deixar a matemática para a parte da tarde ou os dias de chuva. E se a aula de Inglês fosse uma chatice, bastava saírem para irem dar uns saltos na educação física.

O projeto de ensino rotativo em carrossel sem horários e turmas, ensaiado em duas escolas nos arredores da capital norueguesa em 2012, revelou-se um total fracasso, com quedas generalizadas nas notas, anarquia, e redução do papel dos professores a meros locutores de matéria.

O projeto foi abandonado quase tão depressa como surgiu, sendo hoje difícil encontrar qualquer menção à fascinação inicial pela ideia de um método de ensino rotativo que neutralizava os professores para girar em torno dos alunos.

Um outro projeto, atualmente em curso revela-se bastante mais promissor. Quatro escolas norueguesas, onde nada parecia conseguir melhorar níveis crónicos de notas muito abaixo da média nacional, decidiram olhar para o programa de ensino da vizinha Rússia, e ver o que acontecia.

Os professores noruegueses foram aprender a lecionar à moda russa com colegas russos, e refizeram por completo os programas e livros escolares para adaptá-los ao método pedagógico russo. O método russo resultou numa rápida e formidável melhoria de notas, em particular na pior disciplina de todas: a matemática.

Em poucos meses, as quatro escolas com a metodologia russa têm as melhores notas de matemática da Noruega, graças a programas curriculares que em vez da busca constante da resposta correta e a penalização da resposta errada, puxam pela criatividade participativa dos alunos e a lógica de pensamento por trás da solução correta de problemas.

O sistema russo caracteriza-se também pelo forte respeito pelos professores, regras rigorosas de comportamento na escola, e reintrodução de disciplinas avançadas como a álgebra e tarefas complicadas logo na primeira classe.

Menos desenhos e brincadeira, e mais exercícios e trabalhos de casa, a par da gestão da escola devolvida inteiramente aos professores, estão a fazer do projeto piloto russo um exemplo raro de sucesso no sistema de ensino da Noruega.

Fonte: TSF por indicação de Livresco

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